Empatia cognitiva: aprendemos a conservar a "energia empática" à medida que envelhecemos?

0
- Propaganda -

empatia emotiva

O empatia é uma cola social poderosa. É o que nos permite colocar-nos no lugar dos outros. É essa habilidade que nos ajuda a reconhecer e nos identificar com a alteridade, não apenas para entender suas ideias e pensamentos, mas também para experimentar sua emoções e sentimentos.

Na verdade, existem dois tipos de empatia. A empatia cognitiva é o que nos permite reconhecer e entender o que o outro está sentindo, mas a partir de uma posição puramente intelectual, com pouco envolvimento emocional.

A empatia cognitiva é a capacidade de explicar, prever e interpretar com precisão as emoções dos outros, mas carece de reflexão afetiva. No entanto, pode ser muito útil para ajudar os outros, protegendo-nos dos efeitos emocionais devastadores que a identificação excessiva com a dor e o sofrimento dos outros pode causar. Com efeito, é a base de ressonância empática.

Por outro lado, a empatia emocional ou afetiva ocorre quando há uma reação afetiva pela qual nos identificamos tanto com os sentimentos do outro que podemos senti-los em nossa própria carne. Obviamente, quando a empatia emocional é extrema e a identificação com o outro é quase total, ela pode nos paralisar, impedindo-nos de ser prestativos.

- Propaganda -

Geralmente, quando somos empáticos, aplicamos um equilíbrio entre os dois, assim somos capazes de reconhecer os sentimentos da outra pessoa em nós mesmos, mas também podemos entender o que está acontecendo com ela para ajudá-la efetivamente. Mas tudo parece indicar que esse equilíbrio está mudando ao longo dos anos.

A empatia cognitiva diminui com a idade

No imaginário popular existe a ideia de que as pessoas mais velhas são fundamentalmente menos compreensivas. Tendemos a percebê-los como mais rígidos e menos tolerantes, principalmente com os mais jovens. Psicólogos da Universidade de Newcastle estudaram esse fenômeno pelo prisma da empatia.

Eles recrutaram 231 adultos com idades entre 17 e 94 anos. No início, as pessoas viam fotos de rostos e vídeos de atores aos quais era pedido que transmitissem diferentes emoções. Os participantes tiveram que identificar as emoções expressas e decidir se os pares de imagens mostravam emoções iguais ou diferentes.

Mais tarde, eles viram 19 imagens de pessoas envolvidas em algum tipo de reunião ou atividade social. Em cada situação, os participantes deveriam tentar descobrir o que o personagem principal estava sentindo (empatia cognitiva) e indicar o quanto se sentiam emocionalmente envolvidos (empatia afetiva).

Os pesquisadores não encontraram diferenças significativas na empatia afetiva, mas o grupo de pessoas com mais de 66 anos teve uma pontuação ligeiramente pior na empatia cognitiva. Isso indica que as pessoas mais velhas podem realmente ter mais dificuldade em explicar e interpretar com precisão as emoções dos outros.

Perda cognitiva ou mecanismo adaptativo?

Outra série de estudos realizados no campo da neurociência revela que os componentes emocionais e cognitivos da empatia são sustentados por diferentes redes cerebrais que interagem entre si.

De fato, um estudo realizado na Universidade da Califórnia descobriu que a empatia cognitiva e afetiva têm diferentes trajetórias de desenvolvimento. Enquanto a empatia afetiva depende de regiões mais primitivas do cérebro, principalmente o sistema límbico, como a amígdala e a ínsula, a empatia cognitiva parece depender de regiões comuns à Teoria da Mente que requerem mais processamento de informações, como a capacidade de inibir nossa respostas e deixar de lado nossa perspectiva para nos colocarmos no lugar do outro.

- Propaganda -

Na mesma linha, neurocientistas da Universidade de Harvard descobriram que alguns idosos apresentam atividade reduzida justamente em áreas-chave envolvidas nos processos de empatia cognitiva, como o córtex pré-frontal dorsomedial, que se acredita ser uma região relevante na rede de empatia cognitiva. pessoas.

Uma possível explicação para esse fenômeno é que a desaceleração cognitiva geral que ocorre no idoso acaba afetando a empatia cognitiva, tornando mais difícil para ele sair de sua perspectiva para se colocar no lugar do outro e entender o que está acontecendo com ele.

Por outro lado, um estudo desenvolvido no Universidade Nacional de Yang-Ming oferece uma explicação alternativa. Segundo esses pesquisadores, as respostas relacionadas à empatia cognitiva e afetiva tornam-se mais independentes com o passar dos anos.

De fato, também foi observado que pessoas mais velhas respondem com maior empatia do que pessoas mais jovens a situações que são relevantes para elas. Isso pode indicar que, à medida que envelhecemos, nos tornamos mais perspicazes sobre como "gastamos" nossa energia empática.

Talvez essa diminuição da empatia seja resultado do envelhecimento e da sabedoria, uma espécie de meccanismo di difesa que nos permite nos proteger do sofrimento e nos faz parar de nos preocupar tanto.

Fontes:

Kelly, M., McDonald, S., & Wallis, K. (2022) Empatia através dos tempos: “Posso estar mais velho, mas ainda sinto isso”. Neuropsicologia; 36 (2): 116-127.


Moore, RC et. Al. (2015) Correlatos neurais distintos de empatia emocional e cognitiva em adultos mais velhos. Pesquisa em Psiquiatria: Neuroimagem; 232:42-50.

Chen, Y. et. Al. (2014) O envelhecimento está associado a mudanças nos circuitos neurais subjacentes à empatia. Neurobiology of Aging; 35 (4): 827-836.

A entrada Empatia cognitiva: aprendemos a conservar a "energia empática" à medida que envelhecemos? foi publicado pela primeira vez em Esquina da Psicologia.

- Propaganda -